Instalação da Academia de Letras e artes de Capela


Por Antônio Saracura

Passei a manhã e a tarde em Nossa Senhora da Glória no evento onde divulgamos a IV Bienal do Livro de Itabaiana. Ando sempre, quando percorro mundos longe, semeando cultura, com Domingos Pascoal de Melo, o fazedor de Academias.

Chegamos em Capela, procuramos o tradicional colégio Nossa Senhora da Conceição, ao lado da igreja matriz, seria lá a cerimônia de instalação. Um pouco atrasada, como soe acontecer, começou a sessão com muita gente no amplo auditório. Belas músicas, após o hino nacional, alguma delas de autoria de Sérgio Lucas (muito bom), um dos novos acadêmicos, entre elas, Sergipe é o país do forró.

Ismael Pereira – fui ao evento especialmente por causa dele – fez o juramento com um pouco de poesia, mas ficou complicado aos novos acadêmicos repetirem as palavras. O que vale é o compromisso íntimo.

Maria da Conceição fez um discurso emocionado. Falou de Lampião, Zózimo Lima, Dudu da Capela, Manoel Cabral Machado, Rodolfo Rodrigues, Leonídio Guimaraes, monsenhor Eraldo Barbosa, grupos de folclore, o engenho flor das pedras brancas e a capelinha das pedras. Também a Festa do Mastro de Capela: 80 anos contínuos. Haja pé de pau! 280 anos da primeira capelinha que seria a cidade de Capela.

Começaram as posses. Anotei apenas alguns nomes de acadêmicos empossados para enriquecer meu texto sem deixá-lo enjoado:

Cadeira 6 - Otávio Luiz Cabral Pereira, mestre e doutor em belas artes em Valencia, Espanha, e outros cantos.

Cadeira 7 - Domingos Pascoal de Melo. Está em todas... será que conseguirá ir a todas as reuniões? Ora sim. Pascoal é uma máquina.

Cadeira 8 - Frei José Francisco de Santana. Apresentei-me e li pedacinhos de seu livro Pétalas de Amor, no hall de entrada.

Cadeira 18 - Maria Olga Andrade.
Há uma alegria estampada em cada rosto. A glória do reconhecimento. Talvez. Nós somos muito sensíveis à louvação ao nosso ego. O grande crítico amansa com um convite chora na posse. Uma academia não é nada, mas para quem está nela é uma Glória.

Cadeira 19 - José Anselmo de Oliveira. Confrade da Sergipana.

Cadeira 20 - Edson Silva Nascimento. O maestro da banda.

Cadeira 23 - Enilza de Oliveira Santos

Cadeira 28 - Sérgio de Menezes Lucas. Fiquei encantado com este compositor de belas músicas sobre Sergipe.

Cadeira 29 - Ismael Pereira Azevedo. Um dos meus irmãos de coração. Possuo poucos, mas me fazem muito bem.

Cadeira 20 - Waldeir José da Silva. Antigo inquilino da casa de minha mãe que eu administrei. Uma surpresa reencontrá-lo.

José Garrote Dores Dorea: Acadêmico correspondente em Brasília. Já o conhecia, apresentado por Fátima Escariz um ano atrás. É um dos admiráveis filhos de Sergipe que conquistaram quatro mundos.

Acadêmicos honorários:

Duas senhoras idosas que ficaram à frente e Zózimo Lima Filho, que anda sempre com Murilo Melins.

XXX

Uma senhora de boa idade chamou-me de uma fileira à direita. Era uma leitora apaixonada, lera muitas vezes o livro Os Tabaréus do Sítio Saracura: o melhor livro que leu na vida. Fui ao carro e dei-lhe Meninos que não querem ser padres. Batemos uma foto juntos.

XXX

Era mais de onze horas e a chuva que caiu o dia todo parou um pouco. Eu não queria enfrentar estrada. Pascoal dorme demais ao volante e não me deixa conduzir o carro.

Mas outro caroneiro radicalizou: não ficaria de jeito nenhum em Capela.

Então, enfrentamos a noite tenebrosa. Eu, no banco de trás, desviei de cada buraco, freei em cada poça d’água, empurrei com a mão, para um lado, carretões que passavam raspando, segurei as pestanas de Pascoal como faz o oftalmologista para pingar a gota do deslocador de retina, contei histórias, inventei mentiras para manter o lampião aceso que teimava em apagar-se. Graças a Deus, chegamos em casa, em Aracaju. Tensos, mas ainda vivos.















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