Entrevista com o Jovem Lucas Messias da Costa




1 ) Quem é o jovem Lucas?

Eu, originário do sertão de Sergipe, tenho como principal objetivo procurar e superar novos desafios que aparecem em diversas áreas, tendo como meta o meu desenvolvimento intelectual, humano e a geração de resultados práticos. Em 2016, por exemplo, com a orientação do meu professor, conquistei o primeiro lugar na categoria Conto no maior concurso literário de Sergipe organizado pela Loja Maçônica Cotinguiba, tal fato, aliado às minhas anteriores participações no Programa de Iniciação Científica da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática) com resultados satisfatórios renderam-me uma bolsa em um dos melhores cursos “pré-enem” de Aracaju. Por essa bolsa, aventurei-me a deixar a zona de Caatinga e ir para a capital sergipana, onde passei todo o ano letivo de 2017 estudando nesse curso e morando de favor com uma tia-avó que, até então, nem me conhecia. Esse processo foi necessário para conquistar um dos maiores objetivos da minha vida. 
Em abril deste ano, retorno à capital, mas, desta vez, como estudante de Medicina, aprovado, novamente, em primeiro lugar. Agora, enquanto acadêmico da UFS, sinto-me bastante entusiasmado pelo estudo dos fatores que influenciam a hereditariedade humana e suas quantificações. Pretendo, portanto, contribuir com a comunidade científica realizando pesquisas, preferencialmente, na área da Genética Médica e da Biotecnologia direcionada à medicina. 
No futuro, após o fim da graduação, desejo ingressar no mercado de trabalho e, profissionalmente, colaborar para o bem-estar da população humana, colocando em prática meus conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo da experiência acadêmica. Concomitantemente, fito, também, realizar pós-graduação e continuar como pesquisador durante o decorrer da vida. No fim de tudo, sou só um doido que gosta de sonhar.


2) Como o desejo de ser médico surgiu?

O certo é que eu sou, e sempre fui, aquele amigo chato que fica pedindo que as pessoas ajudem os outros, estou sempre enjoando sobre doação de sangue, cabelo, roupa... Tudo isso aliado à paixão pela ciência e suas aplicações. No fim, deu no que deu. Sou bastante cético, mas compartilho muito do pensamento do Papa Francisco quando ele diz: “Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Viver para os outros é uma regra da natureza. (…)
A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa”. 
A verdade é que esse desejo surgiu por outros fatores que não cabem nesse espaço, porém acho que essa citação resume bem.

3) Sabemos que você estudou em escola pública e esta passa por grandes sufocos, mas qual a importância dela na sua formação?

Bom, como dito anteriormente, eu também tive uma pequena experiência na escola particular por meio da bolsa de estudos. Sendo assim, pude perceber que as adversidades da rede pública me ensinaram a ser o protagonista do meu próprio estudo e a não ficar apenas com o assunto "mastigado" pelo professor, isto é, aprendi que eu é que devo correr atrás de todo o conteúdo e que preciso ir além do que o professor diz ou deixa de dizer na sala de aula. O fato de não ter tido docente de biologia, por exemplo, me ensinou a procurar em livros e a ser meu próprio orientador. 

4) O apoio familiar é essencial na nossa vida. Como sua família conseguiu te estimular a conquistar seu sonho?

Em primeiro lugar, sangue só te faz parente, reciprocidade é que te faz família. Em segundo lugar, nada do que consegui seria possível sem o apoio de todo o círculo ao meu redor, seja ele parental ou não. Destaco aqui: minha mãe, que é principal suporte que tenho na vida; o professor Carlos Alexandre, que foi o semeador de oportunidades; Darlan Brito, que resolvia todas as tretas que tinha pra resolver em Monte Alegre, pagou boleto, baixou vídeo-aula... além de ser Brother desde quando ainda engatinhava; Camila e Itla, que sempre foram o primeiro refúgio de quando eu voltava pra casa, além de serem as únicas doidas que se dispuseram a me visitar mesmo estando em cidades diferentes;
Alessandra, que mesmo estando a mais de 3300 km de distância (tão longe que o Google maps travou quando fui olhar) e tendo que trabalhar e estudar, ainda arrumou tempo pra ser a pessoa mais perto de mim nas vezes em que precisei de amparo; Calyne, que, por meio de pequenos amuletos simbólicos, sempre esteve me impedindo de ficar desmotivado e sempre me lembrava que lá fora tinha pessoas acreditando em mim, foi, acima de tudo, a pessoa que não me deixou desistir. (o trecho "não me deixou desistir" lê-se na cor vermelha); existem vários outros que eu poderia destacar aqui, como, por exemplo, o pessoal do grupo de estudos do ideal, do okay, dos "body builder" da saúde e da "vizinhança de Prazerinha", mas não posso me estender muito. São todos parte da família!

5) Sabemos que na sociedade atual os jovens são direcionados a seguirem outros caminhos e não conseguem criar um projeto de vida. Como você driblou as ofertas sociais e ficou no seu objetivo?

Me agarrando a todas as  poucas oportunidades que me aparecem, (e, independentemente de não acreditar em meritocracia, elas aparecem sim). No fim de 2015, prometi pra mim mesmo que iria participar de TODOS os projetos que encontrasse. Assim o fiz. Isso foi essencial. Outra coisa importante é "transformar tudo em objetivos claros e lutar ao máximo por eles": aquela competição que você quer ganhar... Aquele concurso que você quer passar... O shape que você quer ter... O chocolate que você quer comprar... Crie as metas e as execute que tudo fica perfeito!


6) Quais estratégias você criou para absorver os conteúdos necessários?

Duas palavras: curiosidade e imaginação. E, na verdade, nem são estratégias, mas sim algo natural de qualquer ser humano. Desde criança, nunca aceitei aquelas explicações mitológicas para tudo. Ficava inquieto ao perguntar aos mais velhos os porquês das coisas e os ouvir dizer "porque é assim mesmo" "porque sim" "porque Deus quis assim", Daí corria pros livros. Era o tipo de moleque que brincava até com imãs. "Toda criança começa como um cientista nata, e então nós arrancamos isso dele." No meu caso não conseguiram arrancar.
Estudar dispersão da luz fica muito mais interessante quando se tem a curiosidade de saber como é formado um arco íris. Estudar o papel do cálcio na contração muscular fica muito mais simples quando se tem a curiosidade de saber por que os animais ficam "duros" quando morrem? Estudar a polaridade das moléculas e suas interações fica muito mais fácil quando se tem a curiosidade de saber como o sabão consegue limpar a sujeira.

7) Se você fosse palestrar para um público jovem, o que diria? 

Não! Não! Pelo amor de tudo que é mais sagrado, não! Não é só medicina que "da dinheiro"! Vá cursar algo que você tenha gosto e aptidão e deixe de ser otário. Não tenha medo de desafiar a opinião dos seus pais. A escolha do curso é totalmente sua. A vida é sua, seu babaca. E se você pensa em algum curso por causa do dinheiro dele, já lhe adianto: sua vida vai ser uma grande e fedorenta bosta.  (Essa grosseria é totalmente necessária pois a mensagem é primordial)

8) O que podemos esperar do médico Lucas?

 Alguém compromissado com a cidadania; que respeitará princípios legais no exercício profissional; que utilizará conhecimentos  cientificamente comprovados e suas aplicações tecnológicas; que estará ciente de que o processo de aprendizagem é continuo; que estará pronto para situações imprevisíveis. Espere, acima de tudo, por alguém dedicado a fazer aquilo que gosta.

 Prof. Carlos Alexandre N. Aragão

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Academia Sergipana de Letras e Academia Sergipana de Medicina

ACADEMIAS LITERARIAS: AS FACES DO INTERCÂMBIO CULTURAL